BOLETIM GOLD
atualizado em 04/08/2025
O QUE ACONTECEU?
Donald Trump, atual presidente dos EUA, oficializou o aumento tarifário sobre diversos produtos brasileiros a partir de 6 de agosto, com nova alíquota de 50%. A medida já é considerada o maior ataque comercial às exportações do Brasil em décadas.
O QUE ESTÁ EM JOGO?
Apesar de cerca de 700 exceções envolvendo segmentos estratégicos como o aeronáutico, energético e parte do agronegócio, importantes setores como carne bovina, café, pescados, frutas, máquinas e equipamentos, móveis e produtos têxteis ficaram sujeitos à tarifa máxima.
- Café: Representando 34% do mercado cafeeiro norte-americano, analistas apontam que o Brasil pode redirecionar parte da produção para outros mercados.
- Carnes: A tarifa passa de 26,4% para 76%. A Associação Brasileira das Indústrias Exportadoras de Carnes (Abiec) estima que o Brasil possa perder US$1 bilhão na venda de carne bovina para os EUA.
- Frutas: Manga, uva e frutas processadas, como o açaí que representa 90% do total exportado para os EUA, podem sofrer graves impactos.
- Pescados: 70% da produção brasileira vai para os EUA. Impacto severo e imediato é estimado, especialmente em regiões onde a atividade pesqueira é a principal fonte de emprego.
- Ferro e aço: Setor diz que a sobretaxa agrava o “já delicado cenário global”, que tem excesso de capacidade na ordem de 620 milhões de toneladas, e avalia que as tarifas são prejudiciais tanto para exportadores brasileiros quanto para segmentos industriais norte-americanos,
De acordo com a Câmara Americana de Comércio para o Brasil (Amcham Brasil), o impacto pode atingir cerca de 10 mil empresas brasileiras que exportam para o mercado norte-americano.
Impacto geográfico: SP, RJ, MG, RS, PR, SC e ES concentram 80% das exportações afetadas.
DESTAQUE PARA OS NÚMEROS:
- 35,9% das exportações brasileiras serão taxadas com tarifa de 50%.
- Cerca de 45% dos itens exportados mantiveram tarifas de 10% ou foram isentas.
- 19,5% dos produtos exportados estão na faixa de tarifas aplicadas a outros países.
- US$ 14,5 bilhões em exportações impactadas
- Previsão de impacto real no PIB entre 0,2% e 0,4%.
REAÇÕES E MEDIDAS:
- O presidente Lula convocou uma reunião emergencial para anunciar a criação de um Plano de Contingência para proteger empregos e setores afetados.
- Em resposta, o Brasil acionou a OMC e ativou a Lei de Reciprocidade Comercial, possibilitando retaliação tarifária se necessário.
- A Confederação Nacional da Indústria (CNI) fez uma série de pedidos ao governo brasileiro, tendo em vista conter o impacto do tarifaço ao setor industrial, sendo eles:
- Reativação do Programa Seguro-Emprego com aperfeiçoamentos;
- Criação de linha de financiamento emergencial do BNDES para empresas e cadeias produtivas afetadas;
- Prorrogação do prazo e/ou carência para pagamento de financiamentos direcionados ao comércio exterior;
- Realizar o pagamento imediato dos pedidos de ressarcimento de saldos credores de tributos federais (PIS/Cofins e IPI) já homologados pela Receita Federal do Brasil e garantir compensações mais ágeis e previsíveis, entre outros.
- Estados como SP, MG, PR e RS já anunciaram linhas de crédito e liberação de ICMS para mitigar prejuízos:
SÃO PAULO: O governo paulista anunciou R$1,5 bilhão em créditos acumulados de ICMS, com foco especial nos exportadores que possuem valores represados. Cada empresa poderá solicitar até R$120 milhões desse montante. Além disso, o estado ampliou para R$400 milhões a linha de crédito voltada a exportadoras paulistas.
MINAS GERAIS: Vai permitir que exportadoras prejudicadas monetizem créditos acumulados de ICMS, com um teto de R$100 milhões por ano. O Banco de Desenvolvimento de Minas Gerais (BDMG) disponibilizará uma linha de crédito de R$200 milhões, com juros fixos de 0,9% ao mês, prazo de pagamento de até 60 meses e 12 meses de carência.
PARANÁ: As empresas poderão usar créditos de ICMS como garantia em operações ou comercializá-los. Além disso, haverá até R$400 milhões disponíveis em linhas de financiamento. O estado também vai suspender temporariamente a exigência de contrapartidas para companhias que receberam incentivos fiscais anteriormente.
RIO GRANDE DO SUL: O estado sulista criou uma linha de crédito no valor de R$100 milhões, operada pelo BRDE (Banco Regional de Desenvolvimento do Extremo Sul), com juros anuais entre 8% e 9%. Os recursos vêm do Fundo Impulsiona Sul, com prazos de até 60 meses e carência inicial de 12
O tarifaço pode mudar a rota das exportações brasileiras, pressionar o agronegócio, afetar empregos e acirrar a diplomacia entre Brasil e EUA. Apesar do impacto em setores sensíveis da economia brasileira, algumas margens de isenção e exceções reduziram o estrago potencial.
Em paralelo, segue em destaque o posicionamento do governo brasileiro em defesa da soberania nacional, assim como as manifestações da oposição. As sanções impostas a Alexandre de Moraes continuam gerando repercussões, especialmente diante das medidas da AGU e dos desdobramentos que podem surgir tanto no STF, quanto no Congresso Nacional
SAIBA MAIS:
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